top of page
Foto do escritorLuíza Bispo

Do urbano ao popular: 8ª edição do Festival Sertão Alternativo celebra o Pastoril Profano e a diversidade cultural pernambucana

Evento evoca a memória do Velho Faceta, mestre que levou a tradicional festa às periferias do Recife


“Muito boa noite para quem chegou, boa noite pra quem tá de chegada...”. É assim que começa a evocação de um dos tradicionais Pastoris Profanos, manifestação cultural popular que, recheada de humor e irreverência, resgata uma das mais emblemáticas tradições pernambucanas. No dia 21 de dezembro, às 19h, o Pastoril será a voz que anuncia a chegada da 8ª edição do Festival Sertão Alternativo na terra de Afogados da Ingazeira, em um evento que já se consolida há quase uma década como símbolo de resistência cultural e celebração da multiculturalidade de todo Nordeste.  


Organizado pelo Coletivo Espaço e Resistência, o festival promete reunir artistas independentes, coletivos, poetas, músicos e todos aqueles que veem na cultura um campo de transformação social, promovendo o encontro entre diferentes expressões artísticas e amplificando vozes que costumam ficar à margem dos grandes eventos culturais elitizados. Com uma programação disposta a se reinventar, o evento tem ganhado força ao longo dos anos como um espaço de festa da democracia popular, sempre aberto ao público e dependente da solidariedade comunitária, com apoio da Prefeitura de Afogados da Ingazeira e da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte.


Por trás da celebração


O Pastoril Profano é uma versão cômico-crítica do Pastoril tradicional, uma manifestação popular que carrega influências do teatro medieval europeu. Originalmente, o Pastoril religioso representava o nascimento de Cristo e era protagonizado por grupos femininos, divididos entre os cordões Azul e Encarnado, sempre apresentado na época das festividades natalinas. Mas, como a sacralidade e a profanidade andam sempre em conjunto, o Pastoril Profano logo surge como uma resposta popular que mistura sátira, crítica social e comédia, transformando a tradição em um espetáculo disruptivo e ousado.  



Imagem: Reprodução/ Cabaré do Pastoril Profano

Nas periferias do Recife e de todo o Estado, nos anos 80, o Pastoril Profano ganhou força através de mestres que contavam histórias cotidianas com humor ácido. O destaque aqui vai para Velho Faceta, natural de Caipira, PE, que, à frente do Pastoril Rosa Branca, percorreu comunidades, bares e ruas da cidade, levando riso, crítica e poesia à vida do povo, sem medo de abusar da sexualidade. Suas canções emplacaram nas casas do país em regravações do também pernambucano Chacrinha, com É mais embaixo e Bacurinha, tamanha era sua originalidade. Não por acaso, o clássico Papai Noel do Festival Sertão Alternativo homenageia sua figura, resgatando a memória desse imbatível mestre da cultura popular.  

Imagem: Reprodução/ Mídia: Pastoril do Faceta Vol. 3

A programação se revela aos poucos até o dia da celebração, mas já conta com importantes atores da música e cultura popular, como Projeto Musicanto, Rapper Jimmy, Junkie, Denilson Azevedo e banda, entre outras atrações.


Por isso, o Coletivo Espaço e Resistência reforça a importância da contribuição da comunidade e dos apoiadores da arte independente. O PIX disponibilizado festivalsertaoalternativo@gmail.com é uma forma de arrecadar recursos que garantam a estrutura do evento, o pagamento justo aos artistas e a manutenção desse espaço de resistência, valorizando a cultura de base. 

Comments


bottom of page